terça-feira, 8 de maio de 2012

Ética efetiva na educação


EFETIVAÇÃO DE VALORES ÉTICOS NA EDUCAÇÃO

Daniela Miketen[1]
danimiketen@gmail.com


RESUMO

Há alguns anos na história da educação no Brasil, ela era reconhecida como fonte de salvação as mazelas econômicas e sociais, hoje segundo o que se vê em jornais, ela é um ambiente de perigos e desafios, professores são vistos como heróis de resistência, ou por outros olhos, loucos. O que não podemos negar é que há uma grande distancia entre o primeiro conceito e o atual. A educação não é a salvação total de todas as mazelas sociais, mas também não é um campo de guerra amedrontador. É instrumento de transformação social, e por essa esfera passam todos os indivíduos que constroem a sociedade. Falar sobre efetivar valores éticos na educação é o mesmo que reconquistar conversas perdidas sobre o mundo e a sociedade. É trazer uma consciência do atual momento e o comportamento do homem no momento, mais que isso, poder visualizar alternativas que fariam da sociedade atual, um ambiente de melhores relações. Sim, a educação é fundamental para efetivar esses valores éticos.

1. APRESENTAÇÃO

As expressões pessoais em relação à vida, cotidiano e sociabilidade são hoje, expressões que externalizam valores internos, moral. Há diversas regras práticas, leis, códigos de conduta, que existem para melhorar a convivência, ética. Mas, segundo Platão, esses códigos de conduta só serão devidamente seguidos se a pessoa interiorizar o significado dessas ações, caso contrário, ela o fará apenas quando for fiscalizada, ou quando estiver sob observação. Quando, de outra maneira, não estiver sob observação, e não compreendendo o sentido das ações éticas impostas, ela fará o contrário, UCH (2011).
Será que a ética é universal, ou seja, ela realmente existe para facilitar a convivência de todas as pessoas? Por que alguns valores éticos são dificilmente seguidos? Como interiorizar no ser, os valores éticos para uma conduta moral apropriada independente de observação?
Essas perguntas ajudam na reflexão sobre os comportamentos humanos. Sabemos, por exemplo, que as regras de trânsito existem para preservar a vida e melhorar a movimentação, todos conhecem as regras, o código ético, mas poucos o seguem devidamente, ou somente o fazem porque sabem que em determinado momento estão sendo observados. Em outros momentos, pessoas rompem os códigos de conduta como ato desesperado pela vida, quando alguém rouba para comer, por exemplo, e muitas vezes o rigor da lei lhe apanha de maneira mais cruel que para outros que transgridem os códigos éticos por falta de moral internalizada. Por que algumas pessoas sofrem as penalidades, e outras não? O que dizer sobre o jeitinho brasileiro?
Veremos que o conhecimento ético traz responsabilidades sociais, e há diferentes pontos de vista sobre uma situação, mas a questão fundamental desse plano é a reflexão sobre como interiorizar valores morais para a compreensão e efetivação ética de bem viver em sociedade. Próximo à tradição aristotélica, a noção de “éthos” estava articulada à idéia de possessão, de estado adquirido, hábito, estado de alma, atitude ao agir de certo modo. Assim, o “êthos” corresponde à aquisição estável, pelo indivíduo, mediante a educação, de uma sabedoria prática que lhe possibilite agir segundo a escolha da melhor via para a consecução de um fim considerado bom. O “êthos” torna-se, assim, caráter. Daí, o papel preponderante do aprendizado na constituição de uma vida virtuosa, UCB (2011).
A discussão ética ajuda a questionar o que já está interiorizado pela moral.

2.IMPORTÂNCIA DA ÉTICA EM SALA DE AULA.

A sala de aula é mais que um ambiente que recebe pessoas e depois as libera para o mercado de trabalho. Essa concepção foi fortemente enraizada no Brasil a partir da década de 1940, juntamente com a necessidade de atender as demandas do mercado de trabalho industrializado. Muito tarde começaram a pensar em educação reflexiva.
Hoje se faz necessário que a escola prepare pessoas para o mercado de trabalho, mas, além disso, pessoas capazes de criar, inovar, decidir e refletir. Principalmente, porque a vida traz dilemas éticos dos mais diversos. São situações diárias com as quais os profissionais precisam aprender a trabalhar e agir. A escola deve ser participante do processo de reflexão. Ela não decidirá por seus educandos, mas deve despertar questões para que cada um descubra seus próprios conceitos morais e como respondem aos dilemas éticos, tentando ao máximo, promover ações justas e verdadeiras.
O objetivo desse plano é propor a integração da reflexão ética e moral, nas atividades cotidianas em sala de aula numa tentativa de interiorizar valores para apropriação ética. Essa reflexão se dá através de dilemas compartilhados entre os próprios educandos, vistos diariamente e a resposta pessoal a eles.
O art. 1º da Constituição Federal traz, entre outros, como fundamentos da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana e o pluralismo político. A idéia segundo a qual todo ser humano, sem distinção, merece tratamento digno corresponde a um valor moral. 
Outros trechos da Constituição que remetem a questões morais. No art. 3º, lê-se que constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (entre outros): I) construir uma sociedade livre, justa e solidária; III) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Não é difícil identificar valores morais em tais objetivos, que falam em justiça, igualdade, solidariedade, e sua coerência com os outros fundamentos apontados. No título II, art. 5º, mais itens esclarecem as bases morais escolhidas pela sociedade brasileira: I) homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações; (...) III) ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; (...) VI) é inviolável a liberdade de consciência e de crença (...); X) são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (...).
Percebe-se que a partir da constituição federal, há uma preocupação em que todas as pessoas sejam valorizadas e livres. Há também a preocupação para que os direitos sejam iguais e que sejam tratadas com humanidade.
A escola desenvolve papel fundamental na formação de consciência crítica construtiva e valores para validar a ética que ajudará o individuo a preservar uma conduta que traga vida aos princípios constitucionais.
Seguiremos a discussão em torno de princípios essenciais a construção de uma consciência moral.

2.1 Efetivação dos valores morais

A ética só pode ser legitimada pela moral, quando alguém faz o que é necessário não apenas por obrigação de lei.  Parafraseando Aristóteles, fazer ou não fazer? Eis a questão.
Bordignon (2011) escreve que segundo Piaget, há uma seqüência de desenvolvimento moral apresentado da seguinte maneira:
·         0-2 anos, desenvolvimento Pré-moral: a criança não tem nenhuma consciência moral, nem noção do certo ou errado, ela capta os conceitos de ser, sentir e viver dos pais.
·         2-8 anos, Heteronomia Moral: a criança tem, numa atitude unilateral, um respeito absoluto aos mais velhos. As normas são totalmente exteriores.
·         8-12 anos, Semi-Autonomia: a criança inicia-se no conhecimento das regras e na capacidade de diferenciação entre deveres e regras, entre o que pode buscar e decidir e o que é norma externa, dos adultos.
·         Após os 12 anos, Autonomia Moral: ela é capaz de elaborar suas próprias formas de pensar e agir, escolher valores, orientações e normas de vida. A consciência moral torna-se independente das normas prescritas pelos outros, reconhecendo sua necessidade, mas reforçando a interpretação e construção pessoal dos princípios.
Bordignon (2011) escreve ainda que Kohlberg apresenta a construção moral nos seguintes níveis:
1. Nível Pré-Convencional: As decisões morais são geradas a partir de acontecimentos externos, obediência às regras e a autoridade por medo de castigo ou punição.
2. Nível Convencional: As decisões morais são geradas a partir de expectativas e papéis socialmente reconhecidos e definidos pelo grupo ou sociedade de interesse. A perspectiva sócio-moral é a do grupo de interesse.
3. Nível Pós-Convencional ou Baseado em Princípios: As decisões morais são geradas a partir de direitos, valores e princípios com que todos concordam para compor uma sociedade destinada a ter práticas justas e benéficas. A perspectiva sócio-moral é a partir dos valores e princípios universais.
Tanto Piaget como Kohlberg mostram que o individuo passa por um processo de construção moral que são efetivados ao longo do tempo, conforme compreensão e práticas desses. Para que a ética tenha sentido na vida do individuo ele precisa ter esses valores morais efetivados dentro de si. Assim, ele assume uma postura de homem livre, porque sabe o que precisa fazer, sabe porque deve fazer e por compreender o principio por trás da lei, ele é capaz de obedecer conscientemente.

2.2 Universalização da ética

A universalização da ética propõe pensar princípios básicos que facilitam a convivência entre as pessoas de maneira geral. Em sala de aula encontram-se, por exemplo, pessoas de diferentes culturas e contextos, cada uma diante do que vive apresenta comportamentos distintos, muitas vezes esses comportamentos impedem uma boa convivência.
Valls (1994) comenta sobre a dificuldade de universalizar a ética, uma vez que os costumes mudam e o que ontem era errado hoje pode ser aceito, também o que é aceito em uma cultura pode ser rejeitado em outros lugares, do mesmo país até. Nesse sentido um comportamento correto em ética seria um comportamento adequado aos costumes  vigentes, enquanto vigentes.
Assim como os costumes variam, os valores que os acompanham também variam de um povo a outro, uma época a outra.
“Uma boa teoria ética deveria atender a pretensão de universalidade, ainda que simultaneamente capaz de explicar as variações de comportamento, características das diferentes formações culturais e históricas”, (Valls, 1994, p.16).
Kant buscava uma ética de validade universal, que se apoiasse na igualdade fundamental entre os homens. Sua filosofia se volta sempre, em primeiro lugar, para o homem, e se chama filosofia transcendental porque busca encontrar no homem as condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro e do agir livre. Kant achava que a igualdade entre os homens era fundamental para o desenvolvimento de uma ética universal, UCB (2011).
Falar de ética significa falar da liberdade. Num primeiro momento, ética nos lembra as normas e a responsabilidade. Mas não tem sentido falar de norma ou de responsabilidade se não partirmos da suposição de que o homem é realmente livre, ou pode sê-lo. Pois a norma nos diz como devemos agir. E se devemos agir de tal modo, é porque também podemos não agir deste modo. Isto é: se devemos obedecer, é porque podemos desobedecer, somos capazes de desobedecer à norma ou ao preceito, comenta Valls (1994).
É possível perceber que universalizar a ética no sentido de torná-la igual a todos os povos e em todos os lugares é algo inapropriado. Mas é possível considerar os comportamentos em vigor e analisá-los sob perspectiva de valores e princípios legais dentro de determinado contexto e também visando o bem comum, para que se possa construir uma ética universalizada.
Vàzquez (31º Ed. 2010) resume bem esse entendimento de universalização quando explica que a ética é teoria, investigação ou explicação das experiências humanas ou forma de comportamento dos homens considerando a sua totalidade, diversidade e variedade. O valor da ética está naquilo que explica e não no fato de prescrever ações concretas, ela é a explicação daquilo que foi ou é com o objetivo e fazer refletir sobre o fato dos homens terem recorrido a praticas morais diferentes e até opostas  ao decorrer do tempo. Não lhe cabe formular juízos em nome de uma moral absoluta e universal, mas explicar a razão de ser desta pluralidade e mudanças de moral.
A discussão reflexiva sobre os comportamentos antigos e atuais faz com que o educando entenda algumas transformações de valores no homem e em seu contexto, ou movidos pelo seu contexto e é importante para trazer a sala de aula uma reflexão interior do atual contexto e os atuais valores que ele impõe. Nisso a ética em sala de aula, não como disciplina, mas como reflexão integrada às disciplinas, é como um elemento fundamental para o desenvolvimento  crítico e saudável para conexão com os comportamentos morais práticos em sociedade.

3. ÉTICA E RELAÇÕES SOCIAIS PARA UMA BOA EDUCAÇÃO

A ética como reflexão está integrada a outras ciências que estudam as relações e comportamentos dos homens em sociedade, e contribui para esclarecer o tipo de comportamento humano que é o moral, Vázquez (31º Ed. 2010).
Os agentes morais são indivíduos que vivem em sociedade, fazem parte de uma comunidade e seus atos influenciam as relações, tornando-as boas ou ruins, agradáveis ou desagradáveis, construtivas ou destrutivas. Por isso, o individuo não pode ter um comportamento moral unicamente individual, uma vez que esse comportamento afeta o social.
Nota-se na atual sociedade comportamentos humanos que não refletem a preocupação com a comunidade, indivíduos que agem defendendo seus interesses muitas vezes supérfluos ou errados, trazendo grandes transtornos para o todo. Do mesmo modo, o educando reflete em suas ações, que valores possui, e na maioria dos casos, o que deseja mesmo é defender interesses individuais. Não se pode esconder que há dilemas conflitantes como: será que devo dizer a verdade o tempo todo mesmo que a verdade me faça perder uma amizade? Devo expor um amigo quando vejo que ele faz algo errado? É justo matar alguém em legitima defesa? Esses são alguns dos muitos conflitos que vemos na sociedade, e há diversas respostas uma vez que ela é resultado do que o individuo pensa e construiu dentro de si mesmo.
Mas quando desafiados a pensar sobre essas respostas, o educando deve considerar a vida social, o coletivo, o lugar em que está inserido e as consequencias de cada resposta ao todo.
Vázquez (31ºEd. 2010) aponta três aspectos básicos e fundamentais para a qualidade social da moral:
a) cada individuo se sujeita a determinados princípios, valores ou normas morais, mas é considerável que os indivíduos pertencem a épocas e comunidades diferentes, onde vigoram normas dominantes.
b) o comportamento moral é tanto um comportamento de indivíduos como de grupos sociais, cujas ações têm caráter coletivo. Mesmo quando se trata de um indivíduo em sua ação particular, sua atitude tem consequencias sociais e podem ser aprovadas ou desaprovadas pela maioria, os atos que não tem conseqüência alguma para o outro, não podem ser considerados atos morais.
c) as idéias, normas e relações sociais nascem e se desenvolvem em correspondência com uma necessidade social.
Nesses sentidos, a função social da moral é garantir determinada ordem social. E para isso, são criadas algumas vias, como o direito, que assegura o cumprimento de normas para a ordem social. A função social da moral é imutável.

3.1 A integração moral em diversos setores sociais

O homem não apenas esta envolvido em relações  com o mundo, mas pode transformar essas relações de acordo com o objeto com o qual entra em contato ou com o tipo de necessidade que procura satisfazer.
Vázquez (31ºEd. 2010) aponta algumas relações da moral com setores sociais.
A. Religião
Pode-se entender a religião como a crença na existência de forças sobrenaturais ou num ser transcendente. Ela fala de salvação dos males desse mundo, reconhecendo a existência de males, a expressão da miséria real. Com forma de protesto a miséria real, a religião oferece uma solução subterrena. Durante muito tempo isso foi motivo de conformismo entre os fieis que ao esperar pelo eterno não faziam nada para melhorar as condições terrenas. Por outro lado, há alguns princípios morais religiosos que são importantes, como o amor ao próximo, humildade, igualdade, estimulam o esforço coletivo para boas relações sociais.
B. Política
A política abrange relações entre grupos sociais expressando abertamente a atitude desses grupos com relação ao poder. Implica a participação consciente da sociedade nas decisões abordadas. A abordagem moral julga os atos políticos e aprova os que não perturbam a ordem social.
C. Direito
O direito e a moral estão intimamente relacionados porque os dois estão sujeitos a normas que regulam as relações dos homens por meio de normas, que tem a forma de imperativos, que respondem a uma necessidade social, que mudam quando muda  historicamente o conteúdo da sua função social.
D. Trato social
Abrange várias formas de saudação, como o modo de uma pessoa dirigir-se a outra, de atender a um amigo, um convidado, de vestir-se, manifestações de cortesia, pontualidade, etc. As regras normalmente aceitas no trato social são as da classe ou grupo social dominante.
E. Ciência
As ciências são um conjunto de proposições sobre aquilo que as coisas são. A ética também é um conjunto de enunciados que chamamos moral, deste objeto fazem parte as normas e os atos morais. A ética diz o que é a norma, mas não postula as normas. A ciência não pode ser separada da moral.

3.2 Responsabilidade Moral

Há diversos motivos que fazem com que o individuo se esquive de suas responsabilidades morais. A maior de todas as desculpas é quando ele diz que não sabia, não viu, não percebeu determinados fatores e por isso cometeu atitudes imorais.
Muitas vezes a ignorância se torna uma desculpa, e o “jeitinho brasileiro” impõe uma serie de inadimplências porque motiva o individuo a manter ações ilegais e escapar-se delas por meio de argumentos psicológicos, emocionais ou até mesmo políticos.
Vázquez (31º Ed. 2010) afirma que a ignorância não pode eximir alguém da responsabilidade quando esse individuo ignora que poderia ter conhecido algo que deveria conhecer. Como exemplo um carro que bate em outro que estava estacionado e alega inocência por não ter visto o carro estacionado por estar com as luzes fracas, quando ele deveria ter feito uma revisão no carro antes de pegar estrada e assim, as luzes não estariam fracas, e ele veria o carro estacionado evitando o acidente. Esse sujeito alega ignorância diante de algo que deveria ter feito.
A ignorância somente pode eximir um individuo de sua responsabilidade social quando ele não é responsável por essa ignorância, ou seja, quando está impossibilitado, por motivos pessoais, históricos ou sociais, de ser consciente de seu
Ato social.
Já, uma maneira de isenção de responsabilidade é quando o sujeito está sob pressão externa e perde o controle de seus atos, não podendo decidir por si mesmo. Quando é forçado a agir em conseqüência de outros, em que não resta espaço para decidir por si próprio.
Essas questões são naturais ao dia-a-dia, e cabe ao homem agir com liberdade. O homem é livre para agir, escolher, decidir, mas essa liberdade acarreta uma consciência dos fins dos atos que pretende realizar. A responsabilidade moral pressupõe certo grau de liberdade, responsabilidade moral, liberdade e necessidade estão entrelaçadas no ato moral, Vázquez (31ºEd. 2010).
Dessa forma, o homem muitas vezes tem de agir sob pressão e assim, perde o controle de suas ações, mas em maioria, age conscientemente, e faz-se vítima mesmo assim, as consequencias legais devem ser medidas e analisadas a luz de todo o contexto.

4. ÉTICA E CURRICULO

4.1 Objetivos Gerais de Ética para o Ensino Fundamental

O PCN propõe como objetivos gerais de ética  para o ensino fundamental que os alunos sejam capazes de:
·         Compreender o conceito de justiça baseado na eqüidade e sensibilizar se pela necessidade da construção de uma sociedade justa;
·         Adotar atitudes de respeito pelas diferenças entre as pessoas, respeito esse necessário ao convívio numa sociedade democrática e pluralista;
·         Adotar, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças e discriminações;
·         Compreender a vida escolar como participação no espaço público, utilizando e aplicando os conhecimentos adquiridos na construção de uma sociedade democrática e solidária;
·         Valorizar e empregar o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas;
·         Construir uma imagem positiva de si, o respeito próprio traduzido pela confiança em sua capacidade de escolher e realizar seu projeto de vida e pela legitimação das normas morais que garantam, a todos, essa realização;
·         Assumir posições segundo seu próprio juízo de valor, considerando diferentes pontos de vista e aspectos de cada situação.

4.2 Os conteúdos da ética para o primeiro e segundo ciclos.

De acordo com os objetivos éticos gerais para o ensino fundamental, foram escolhidos os temas morais referentes à legitimação ética em sala de aula para um melhor desenvolvimento critico social, são eles:
A. Convívio Social
B. Responsabilidade Social

4.2.1 Convívio social

Como já foi analisado anteriormente, o homem só pode ter um comportamento moral quando este está relacionado ao outro. Quando o que faz não interfere em nada na vida do outro, não é um comportamento moral. Isso implica em relações, convívio.
A sala de aula é por si mesma uma boa experiência de convívio, pois reúne pessoas de diferentes grupos sociais e pode trabalhar a arte de viver bem. O educando será constantemente desafiado a agir pensando nas consequencias dessa ação em relação à sala toda.
De 0 a 2 anos esse convívio será percebido através da ação dos pais e professores e de 8 a 12 anos esse conhecimento será aperfeiçoado até que possa decidir por si mesma. Por esses motivos também, a educação infantil é de grande importância na formação moral da criança. Os exemplos vistos através do comportamento dos professores serão base para a vida da criança e podem até conduzir suas ações futuras. A partir dos 12 anos, quando a criança, segundo Piaget, já é capaz de decidir, já desenvolveu internamente seus valores, a sala de aula representa uma ambiente em que ela irá descobrir os valores que possui. E em coletividade perceber se de fato são apropriados ao contexto.

Conteúdos a serem trabalhados:

·         Propor atividades de integração para perceber a maneira como é o trato entre os educandos.
·         Passeios e situações fora de classe para observação do convívio entre as pessoas e análise do que foi visto.

4.2.2 Responsabilidade Social

O convívio social, inevitavelmente traz responsabilidades sociais. É importante trabalhar em sala de aula as consequencias de cada escolha que o homem precisa fazer todos os dias, diferenciar aquilo que se faz sob pressão e o que se faz por negligencia. Motivar o educando a opinar e analisar comportamentos que vê todos os dias, refletindo se as ações que viu foram eticamente saudáveis e trouxeram ordem ou desordem ao convívio social.

Conteúdos a serem trabalhados:

·         Propor a reflexão sobre as noticias que se vê no dia-a-dia a fim de opinar sobre as responsabilidades de tais atos.
·         Refletir sobre a diferença entre agir sob pressão e agir com negligencia, buscando exemplos atuais que demonstram tal diferença.
·         Pensar no que se pode evitar quando o homem faz o que deve fazer.
·         Interiorizar os valores de justiça, solidariedade, responsabilidade como efetivos para um bom convívio social.

4.3 Os critérios de avaliação

Para avaliar esses conteúdos, uma vez que não são uma disciplina a parte, mas uma integração a outras disciplinas, é necessário fazê-lo através de avaliação contínua de comportamento, participação, diálogo e  práticas que possam demonstrar avanços em relação à interiorização do conhecimento ético e a relação desse com o mundo.
Na história poderão ser observados os comportamentos e regras que os homens tinham e que hoje não são mais aceitos, buscando refletir por que essas mudanças aconteceram, o que mudou no homem.
Na geografia pode ser abordado a responsabilidade ética ambiental, observando as transformações que aconteceram na natureza, e a responsabilidade do homem diante delas.
Na língua portuguesa uma reflexão sobre interpretação textual em relação à sociedade.
Essas e outras disciplinas podem integrar em seu currículo abordagens didáticas que trazem significado ao conteúdo e reflexão sobre o sentido dele em contexto social, levando o educando a reflexão e prática que possam melhorar a educação, e a própria sociedade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notável que a ética é fundamental em diversos setores sociais e educacionais, uma vez que ela ajuda a esclarecer comportamentos e guiar o homem a ações corretas e boas em sociedade.
A educação tem como oportunidade propagar a reflexão sobre valores fundamentais ao homem. Pode contribuir promovendo reflexões que ajudam a desenvolver o aluno uma boa consciência moral.
Esse trabalho deve ser realizado em parceria, a escola com a sociedade e a família, juntos em busca de uma construção para melhorar as relações humanas.
Essa tarefa não é fácil, nem simples. Quando envolvidos na rotina, os educadores muitas vezes não encontram motivações necessárias para tentar construir reflexão de valores, mas é uma luta que deve ser travada e tentada.
Assim como os valores mudam com o tempo, a maneira de pensar do homem, e suas ações, o conceito do que é certo e errado, a atualidade também é cheia de comportamentos e mudanças, há, contudo, valores que são irrevogáveis, como a vida, o respeito e a convivência saudável. Partindo de princípios imutáveis, até a analise mais complexa do comportamento humano é possível construir uma educação ética efetiva.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGIGNON, Nelso Antonio. O Desenvolvimento Moral de Kholberg. 2011.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL, disponível em acesso em 21 de novembro de 2011 as 13:56.

PCN, Ética Ensino Fundamental 1º a 4º Séries

UCB, Ética; Brasília, 2011

VALLS, Álvaro L. M. Coleção Primeiros Passos nº177. Editora Brasiliense. 1994.

VÁZQUEZ, Adolfo Sanches; Ética; tradução de João Dell´Anna. 31ºEd. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.




[1] Acadêmica do Curso Licenciatura de Pedagogia, 2 período,  pela UNILASALLE.

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