EFETIVAÇÃO DE VALORES ÉTICOS NA EDUCAÇÃO
Daniela Miketen[1]
danimiketen@gmail.com
RESUMO
Há alguns anos na
história da educação no Brasil, ela era reconhecida como fonte de salvação as
mazelas econômicas e sociais, hoje segundo o que se vê em jornais, ela é um
ambiente de perigos e desafios, professores são vistos como heróis de
resistência, ou por outros olhos, loucos. O que não podemos negar é que há uma
grande distancia entre o primeiro conceito e o atual. A educação não é a
salvação total de todas as mazelas sociais, mas também não é um campo de guerra
amedrontador. É instrumento de transformação social, e por essa esfera passam
todos os indivíduos que constroem a sociedade. Falar sobre efetivar valores
éticos na educação é o mesmo que reconquistar conversas perdidas sobre o mundo
e a sociedade. É trazer uma consciência do atual momento e o comportamento do
homem no momento, mais que isso, poder visualizar alternativas que fariam da
sociedade atual, um ambiente de melhores relações. Sim, a educação é fundamental
para efetivar esses valores éticos.
1. APRESENTAÇÃO
As
expressões pessoais em relação à vida, cotidiano e sociabilidade são hoje,
expressões que externalizam valores internos, moral. Há diversas regras
práticas, leis, códigos de conduta, que existem para melhorar a convivência,
ética. Mas, segundo Platão, esses códigos de conduta só serão devidamente
seguidos se a pessoa interiorizar o significado dessas ações, caso contrário,
ela o fará apenas quando for fiscalizada, ou quando estiver sob observação.
Quando, de outra maneira, não estiver sob observação, e não compreendendo o
sentido das ações éticas impostas, ela fará o contrário, UCH (2011).
Será
que a ética é universal, ou seja, ela realmente existe para facilitar a convivência
de todas as pessoas? Por que alguns
valores éticos são dificilmente seguidos? Como interiorizar no ser, os valores
éticos para uma conduta moral apropriada independente de observação?
Essas
perguntas ajudam na reflexão sobre os comportamentos humanos. Sabemos, por exemplo,
que as regras de trânsito existem para preservar a vida e melhorar a
movimentação, todos conhecem as regras, o código ético, mas poucos o seguem
devidamente, ou somente o fazem porque sabem que em determinado momento estão
sendo observados. Em outros momentos, pessoas rompem os códigos de conduta como
ato desesperado pela vida, quando alguém rouba para comer, por exemplo, e
muitas vezes o rigor da lei lhe apanha de maneira mais cruel que para outros
que transgridem os códigos éticos por falta de moral internalizada. Por que
algumas pessoas sofrem as penalidades, e outras não? O que dizer sobre o
jeitinho brasileiro?
Veremos
que o conhecimento ético traz responsabilidades sociais, e há diferentes pontos
de vista sobre uma situação, mas a questão fundamental desse plano é a reflexão
sobre como interiorizar valores morais para a compreensão e efetivação ética de
bem viver em sociedade. Próximo à tradição aristotélica, a noção de “éthos” estava
articulada à idéia de possessão, de estado adquirido, hábito, estado de alma,
atitude ao agir de certo modo. Assim, o “êthos” corresponde à aquisição
estável, pelo indivíduo, mediante a educação, de uma sabedoria prática que lhe
possibilite agir segundo a escolha da melhor via para a consecução de um fim
considerado bom. O “êthos” torna-se, assim, caráter. Daí, o papel preponderante
do aprendizado na constituição de uma vida virtuosa, UCB (2011).
A
discussão ética ajuda a questionar o que já está interiorizado pela moral.
2.IMPORTÂNCIA DA ÉTICA EM SALA DE AULA.
A
sala de aula é mais que um ambiente que recebe pessoas e depois as libera para
o mercado de trabalho. Essa concepção foi fortemente enraizada no Brasil a
partir da década de 1940, juntamente com a necessidade de atender as demandas do
mercado de trabalho industrializado. Muito tarde começaram a pensar em educação
reflexiva.
Hoje
se faz necessário que a escola prepare pessoas para o mercado de trabalho, mas,
além disso, pessoas capazes de criar, inovar, decidir e refletir. Principalmente,
porque a vida traz dilemas éticos dos mais diversos. São situações diárias com
as quais os profissionais precisam aprender a trabalhar e agir. A escola deve
ser participante do processo de reflexão. Ela não decidirá por seus educandos,
mas deve despertar questões para que cada um descubra seus próprios conceitos
morais e como respondem aos dilemas éticos, tentando ao máximo, promover ações
justas e verdadeiras.
O
objetivo desse plano é propor a integração da reflexão ética e moral, nas
atividades cotidianas em sala de aula numa tentativa de interiorizar valores
para apropriação ética. Essa reflexão se dá através de dilemas compartilhados
entre os próprios educandos, vistos diariamente e a resposta pessoal a eles.
O
art. 1º da Constituição Federal traz, entre outros, como fundamentos da
República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana e o pluralismo
político. A idéia segundo a qual todo ser humano, sem distinção, merece
tratamento digno corresponde a um valor moral.
Outros
trechos da Constituição que remetem a questões morais. No art. 3º, lê-se que
constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (entre outros):
I) construir uma sociedade livre, justa e solidária; III) erradicar a pobreza e
a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV) promover o
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação. Não é difícil identificar valores morais em
tais objetivos, que falam em justiça, igualdade, solidariedade, e sua coerência
com os outros fundamentos apontados. No título II, art. 5º, mais itens
esclarecem as bases morais escolhidas pela sociedade brasileira: I) homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações; (...) III) ninguém será submetido
a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; (...) VI) é inviolável a
liberdade de consciência e de crença (...); X) são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas (...).
Percebe-se
que a partir da constituição federal, há uma preocupação em que todas as
pessoas sejam valorizadas e livres. Há também a preocupação para que os
direitos sejam iguais e que sejam tratadas com humanidade.
A
escola desenvolve papel fundamental na formação de consciência crítica
construtiva e valores para validar a ética que ajudará o individuo a preservar
uma conduta que traga vida aos princípios constitucionais.
Seguiremos
a discussão em torno de princípios essenciais a construção de uma consciência
moral.
2.1 Efetivação dos valores morais
A ética
só pode ser legitimada pela moral, quando alguém faz o que é necessário não
apenas por obrigação de lei. Parafraseando
Aristóteles, fazer ou não fazer? Eis
a questão.
Bordignon
(2011) escreve que segundo Piaget, há uma seqüência de desenvolvimento moral
apresentado da seguinte maneira:
·
0-2 anos,
desenvolvimento Pré-moral: a criança não tem nenhuma consciência moral, nem
noção do certo ou errado, ela capta os conceitos de ser, sentir e viver dos
pais.
·
2-8 anos, Heteronomia
Moral: a criança tem, numa atitude unilateral, um respeito absoluto aos mais
velhos. As normas são totalmente exteriores.
·
8-12 anos,
Semi-Autonomia: a criança inicia-se no conhecimento das regras e na capacidade
de diferenciação entre deveres e regras, entre o que pode buscar e decidir e o
que é norma externa, dos adultos.
·
Após os 12 anos,
Autonomia Moral: ela é capaz de elaborar suas próprias formas de pensar e agir,
escolher valores, orientações e normas de vida. A consciência moral torna-se
independente das normas prescritas pelos outros, reconhecendo sua necessidade,
mas reforçando a interpretação e construção pessoal dos princípios.
Bordignon
(2011) escreve ainda que Kohlberg apresenta a construção moral nos seguintes
níveis:
1. Nível Pré-Convencional:
As decisões morais são geradas a partir de acontecimentos externos, obediência
às regras e a autoridade por medo de castigo ou punição.
2. Nível Convencional: As decisões morais
são geradas a partir de expectativas e papéis socialmente reconhecidos e definidos
pelo grupo ou sociedade de interesse. A perspectiva sócio-moral é a do grupo de
interesse.
3. Nível Pós-Convencional ou Baseado em Princípios: As decisões morais são geradas a partir de direitos,
valores e princípios com que todos concordam para compor uma sociedade
destinada a ter práticas justas e benéficas. A perspectiva sócio-moral é a
partir dos valores e princípios universais.
Tanto
Piaget como Kohlberg mostram que o individuo passa por um processo de
construção moral que são efetivados ao longo do tempo, conforme compreensão e
práticas desses. Para que a ética tenha sentido na vida do individuo ele
precisa ter esses valores morais efetivados dentro de si. Assim, ele assume uma
postura de homem livre, porque sabe o que precisa fazer, sabe porque deve fazer
e por compreender o principio por trás da lei, ele é capaz de obedecer conscientemente.
2.2 Universalização da ética
A
universalização da ética propõe pensar princípios básicos que facilitam a
convivência entre as pessoas de maneira geral. Em sala de aula encontram-se,
por exemplo, pessoas de diferentes culturas e contextos, cada uma diante do que
vive apresenta comportamentos distintos, muitas vezes esses comportamentos
impedem uma boa convivência.
Valls
(1994) comenta sobre a dificuldade de universalizar a ética, uma vez que os
costumes mudam e o que ontem era errado hoje pode ser aceito, também o que é
aceito em uma cultura pode ser rejeitado em outros lugares, do mesmo país até. Nesse
sentido um comportamento correto em ética seria um comportamento adequado aos
costumes vigentes, enquanto vigentes.
Assim
como os costumes variam, os valores que os acompanham também variam de um povo
a outro, uma época a outra.
“Uma
boa teoria ética deveria atender a pretensão de universalidade, ainda que simultaneamente
capaz de explicar as variações de comportamento, características das diferentes
formações culturais e históricas”, (Valls, 1994, p.16).
Kant
buscava uma ética de validade universal, que se apoiasse na igualdade
fundamental entre os homens. Sua filosofia se volta sempre, em primeiro lugar,
para o homem, e se chama filosofia transcendental porque busca encontrar
no homem as condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro e do agir
livre. Kant achava que a igualdade entre os homens era fundamental para o
desenvolvimento de uma ética universal, UCB (2011).
Falar
de ética significa falar da liberdade. Num primeiro momento, ética nos lembra
as normas e a responsabilidade. Mas não tem sentido falar de norma ou de
responsabilidade se não partirmos da suposição de que o homem é realmente
livre, ou pode sê-lo. Pois a norma nos diz como devemos agir. E se devemos agir de tal modo, é porque
também podemos não agir deste
modo. Isto é: se devemos obedecer, é porque podemos desobedecer, somos capazes
de desobedecer à norma ou ao preceito, comenta Valls (1994).
É
possível perceber que universalizar a ética no sentido de torná-la igual a
todos os povos e em todos os lugares é algo inapropriado. Mas é possível
considerar os comportamentos em vigor e analisá-los sob perspectiva de valores
e princípios legais dentro de determinado contexto e também visando o bem
comum, para que se possa construir uma ética universalizada.
Vàzquez
(31º Ed. 2010) resume bem esse entendimento de universalização quando explica
que a ética é teoria, investigação ou explicação das experiências humanas ou
forma de comportamento dos homens considerando a sua totalidade, diversidade e
variedade. O valor da ética está naquilo que explica e não no fato de
prescrever ações concretas, ela é a explicação daquilo que foi ou é com o
objetivo e fazer refletir sobre o fato dos homens terem recorrido a praticas
morais diferentes e até opostas ao
decorrer do tempo. Não lhe cabe formular juízos em nome de uma moral absoluta e
universal, mas explicar a razão de ser desta pluralidade e mudanças de moral.
A
discussão reflexiva sobre os comportamentos antigos e atuais faz com que o
educando entenda algumas transformações de valores no homem e em seu contexto,
ou movidos pelo seu contexto e é importante para trazer a sala de aula uma
reflexão interior do atual contexto e os atuais valores que ele impõe. Nisso a
ética em sala de aula, não como disciplina, mas como reflexão integrada às
disciplinas, é como um elemento fundamental para o desenvolvimento crítico e saudável para conexão com os
comportamentos morais práticos em sociedade.
3. ÉTICA E RELAÇÕES SOCIAIS PARA UMA BOA EDUCAÇÃO
A ética como reflexão está integrada a outras ciências
que estudam as relações e comportamentos dos homens em sociedade, e contribui
para esclarecer o tipo de comportamento humano que é o moral, Vázquez (31º Ed.
2010).
Os agentes morais são indivíduos que vivem em sociedade,
fazem parte de uma comunidade e seus atos influenciam as relações, tornando-as
boas ou ruins, agradáveis ou desagradáveis, construtivas ou destrutivas. Por
isso, o individuo não pode ter um comportamento moral unicamente individual,
uma vez que esse comportamento afeta o social.
Nota-se na atual sociedade comportamentos humanos que não
refletem a preocupação com a comunidade, indivíduos que agem defendendo seus
interesses muitas vezes supérfluos ou errados, trazendo grandes transtornos
para o todo. Do mesmo modo, o educando reflete em suas ações, que valores
possui, e na maioria dos casos, o que deseja mesmo é defender interesses individuais.
Não se pode esconder que há dilemas conflitantes como: será que devo dizer a
verdade o tempo todo mesmo que a verdade me faça perder uma amizade? Devo expor
um amigo quando vejo que ele faz algo errado? É justo matar alguém em legitima
defesa? Esses são alguns dos muitos conflitos que vemos na sociedade, e há
diversas respostas uma vez que ela é resultado do que o individuo pensa e
construiu dentro de si mesmo.
Mas quando desafiados a pensar sobre essas respostas, o
educando deve considerar a vida social, o coletivo, o lugar em que está
inserido e as consequencias de cada resposta ao todo.
Vázquez (31ºEd. 2010) aponta três aspectos básicos e
fundamentais para a qualidade social da moral:
a) cada individuo se sujeita a determinados princípios,
valores ou normas morais, mas é considerável que os indivíduos pertencem a
épocas e comunidades diferentes, onde vigoram normas dominantes.
b) o comportamento moral é tanto um comportamento de
indivíduos como de grupos sociais, cujas ações têm caráter coletivo. Mesmo
quando se trata de um indivíduo em sua ação particular, sua atitude tem
consequencias sociais e podem ser aprovadas ou desaprovadas pela maioria, os
atos que não tem conseqüência alguma para o outro, não podem ser considerados
atos morais.
c) as idéias, normas e relações sociais nascem e se
desenvolvem em correspondência com uma necessidade social.
Nesses sentidos, a função social da moral é garantir
determinada ordem social. E para isso, são criadas algumas vias, como o
direito, que assegura o cumprimento de normas para a ordem social. A função
social da moral é imutável.
3.1 A integração moral em diversos setores sociais
O homem não apenas esta envolvido em relações com o mundo, mas pode transformar essas
relações de acordo com o objeto com o qual entra em contato ou com o tipo de
necessidade que procura satisfazer.
Vázquez (31ºEd. 2010) aponta algumas relações da moral
com setores sociais.
A. Religião
Pode-se entender a religião como a crença na existência
de forças sobrenaturais ou num ser transcendente. Ela fala de salvação dos
males desse mundo, reconhecendo a existência de males, a expressão da miséria
real. Com forma de protesto a miséria real, a religião oferece uma solução
subterrena. Durante muito tempo isso foi motivo de conformismo entre os fieis
que ao esperar pelo eterno não faziam nada para melhorar as condições terrenas.
Por outro lado, há alguns princípios morais religiosos que são importantes,
como o amor ao próximo, humildade, igualdade, estimulam o esforço coletivo para
boas relações sociais.
B. Política
A política abrange relações entre grupos sociais
expressando abertamente a atitude desses grupos com relação ao poder. Implica a
participação consciente da sociedade nas decisões abordadas. A abordagem moral
julga os atos políticos e aprova os que não perturbam a ordem social.
C. Direito
O direito e a moral estão intimamente relacionados porque
os dois estão sujeitos a normas que regulam as relações dos homens por meio de
normas, que tem a forma de imperativos, que respondem a uma necessidade social,
que mudam quando muda historicamente o
conteúdo da sua função social.
D. Trato social
Abrange várias formas de saudação, como o modo de uma pessoa
dirigir-se a outra, de atender a um amigo, um convidado, de vestir-se,
manifestações de cortesia, pontualidade, etc. As regras normalmente aceitas no
trato social são as da classe ou grupo social dominante.
E. Ciência
As ciências são um conjunto de proposições sobre aquilo
que as coisas são. A ética também é um conjunto de enunciados que chamamos
moral, deste objeto fazem parte as normas e os atos morais. A ética diz o que é
a norma, mas não postula as normas. A ciência não pode ser separada da moral.
3.2 Responsabilidade Moral
Há diversos motivos que fazem com que o individuo se
esquive de suas responsabilidades morais. A maior de todas as desculpas é
quando ele diz que não sabia, não viu, não percebeu determinados fatores e por
isso cometeu atitudes imorais.
Muitas vezes a ignorância se torna uma desculpa, e o
“jeitinho brasileiro” impõe uma serie de inadimplências porque motiva o
individuo a manter ações ilegais e escapar-se delas por meio de argumentos
psicológicos, emocionais ou até mesmo políticos.
Vázquez (31º Ed. 2010) afirma que a ignorância não pode
eximir alguém da responsabilidade quando esse individuo ignora que poderia ter
conhecido algo que deveria conhecer. Como exemplo um carro que bate em outro
que estava estacionado e alega inocência por não ter visto o carro estacionado
por estar com as luzes fracas, quando ele deveria ter feito uma revisão no
carro antes de pegar estrada e assim, as luzes não estariam fracas, e ele veria
o carro estacionado evitando o acidente. Esse sujeito alega ignorância diante
de algo que deveria ter feito.
A ignorância somente pode eximir um individuo de sua
responsabilidade social quando ele não é responsável por essa ignorância, ou
seja, quando está impossibilitado, por motivos pessoais, históricos ou sociais,
de ser consciente de seu
Ato
social.
Já, uma maneira de isenção de responsabilidade é quando o
sujeito está sob pressão externa e perde o controle de seus atos, não podendo
decidir por si mesmo. Quando é forçado a agir em conseqüência de outros, em que
não resta espaço para decidir por si próprio.
Essas questões são naturais ao dia-a-dia, e cabe ao homem
agir com liberdade. O homem é livre para agir, escolher, decidir, mas essa
liberdade acarreta uma consciência dos fins dos atos que pretende realizar. A
responsabilidade moral pressupõe certo grau de liberdade, responsabilidade
moral, liberdade e necessidade estão entrelaçadas no ato moral, Vázquez (31ºEd.
2010).
Dessa forma, o homem muitas vezes tem de agir sob pressão
e assim, perde o controle de suas ações, mas em maioria, age conscientemente, e
faz-se vítima mesmo assim, as consequencias legais devem ser medidas e
analisadas a luz de todo o contexto.
4. ÉTICA E CURRICULO
4.1 Objetivos Gerais de Ética para o Ensino Fundamental
O
PCN propõe como objetivos gerais de ética
para o ensino fundamental que os alunos sejam capazes de:
·
Compreender o
conceito de justiça baseado na eqüidade e sensibilizar se pela necessidade da
construção de uma sociedade justa;
·
Adotar atitudes de
respeito pelas diferenças entre as pessoas, respeito esse necessário ao
convívio numa sociedade democrática e pluralista;
·
Adotar, no dia-a-dia,
atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças e discriminações;
·
Compreender a vida
escolar como participação no espaço público, utilizando e aplicando os
conhecimentos adquiridos na construção de uma sociedade democrática e
solidária;
·
Valorizar e empregar
o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas;
·
Construir uma imagem
positiva de si, o respeito próprio traduzido pela confiança em sua capacidade
de escolher e realizar seu projeto de vida e pela legitimação das normas morais
que garantam, a todos, essa realização;
·
Assumir posições
segundo seu próprio juízo de valor, considerando diferentes pontos de vista e
aspectos de cada situação.
4.2 Os conteúdos da ética para o primeiro e segundo
ciclos.
De
acordo com os objetivos éticos gerais para o ensino fundamental, foram
escolhidos os temas morais referentes à legitimação ética em sala de aula para
um melhor desenvolvimento critico social, são eles:
A.
Convívio Social
B.
Responsabilidade Social
4.2.1 Convívio social
Como
já foi analisado anteriormente, o homem só pode ter um comportamento moral
quando este está relacionado ao outro. Quando o que faz não interfere em nada
na vida do outro, não é um comportamento moral. Isso implica em relações,
convívio.
A
sala de aula é por si mesma uma boa experiência de convívio, pois reúne pessoas
de diferentes grupos sociais e pode trabalhar a arte de viver bem. O educando
será constantemente desafiado a agir pensando nas consequencias dessa ação em
relação à sala toda.
De
0 a 2 anos esse convívio será percebido através da ação dos pais e professores
e de 8 a 12 anos esse conhecimento será aperfeiçoado até que possa decidir por
si mesma. Por esses motivos também, a educação infantil é de grande importância
na formação moral da criança. Os exemplos vistos através do comportamento dos
professores serão base para a vida da criança e podem até conduzir suas ações
futuras. A partir dos 12 anos, quando a criança, segundo Piaget, já é capaz de
decidir, já desenvolveu internamente seus valores, a sala de aula representa
uma ambiente em que ela irá descobrir os valores que possui. E em coletividade
perceber se de fato são apropriados ao contexto.
Conteúdos a serem
trabalhados:
·
Propor atividades de
integração para perceber a maneira como é o trato entre os educandos.
·
Passeios e situações
fora de classe para observação do convívio entre as pessoas e análise do que
foi visto.
4.2.2 Responsabilidade Social
O
convívio social, inevitavelmente traz responsabilidades sociais. É importante
trabalhar em sala de aula as consequencias de cada escolha que o homem precisa
fazer todos os dias, diferenciar aquilo que se faz sob pressão e o que se faz
por negligencia. Motivar o educando a opinar e analisar comportamentos que vê
todos os dias, refletindo se as ações que viu foram eticamente saudáveis e
trouxeram ordem ou desordem ao convívio social.
Conteúdos a serem
trabalhados:
·
Propor a reflexão
sobre as noticias que se vê no dia-a-dia a fim de opinar sobre as
responsabilidades de tais atos.
·
Refletir sobre a
diferença entre agir sob pressão e agir com negligencia, buscando exemplos
atuais que demonstram tal diferença.
·
Pensar no que se pode
evitar quando o homem faz o que deve fazer.
·
Interiorizar os valores
de justiça, solidariedade, responsabilidade como efetivos para um bom convívio
social.
4.3 Os critérios de avaliação
Para
avaliar esses conteúdos, uma vez que não são uma disciplina a parte, mas uma
integração a outras disciplinas, é necessário fazê-lo através de avaliação
contínua de comportamento, participação, diálogo e práticas que possam demonstrar avanços em
relação à interiorização do conhecimento ético e a relação desse com o mundo.
Na
história poderão ser observados os comportamentos e regras que os homens tinham
e que hoje não são mais aceitos, buscando refletir por que essas mudanças
aconteceram, o que mudou no homem.
Na
geografia pode ser abordado a responsabilidade ética ambiental, observando as
transformações que aconteceram na natureza, e a responsabilidade do homem
diante delas.
Na
língua portuguesa uma reflexão sobre interpretação textual em relação à sociedade.
Essas
e outras disciplinas podem integrar em seu currículo abordagens didáticas que
trazem significado ao conteúdo e reflexão sobre o sentido dele em contexto
social, levando o educando a reflexão e prática que possam melhorar a educação,
e a própria sociedade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É
notável que a ética é fundamental em diversos setores sociais e educacionais,
uma vez que ela ajuda a esclarecer comportamentos e guiar o homem a ações
corretas e boas em sociedade.
A
educação tem como oportunidade propagar a reflexão sobre valores fundamentais
ao homem. Pode contribuir promovendo reflexões que ajudam a desenvolver o aluno
uma boa consciência moral.
Esse
trabalho deve ser realizado em parceria, a escola com a sociedade e a família,
juntos em busca de uma construção para melhorar as relações humanas.
Essa
tarefa não é fácil, nem simples. Quando envolvidos na rotina, os educadores
muitas vezes não encontram motivações necessárias para tentar construir
reflexão de valores, mas é uma luta que deve ser travada e tentada.
Assim
como os valores mudam com o tempo, a maneira de pensar do homem, e suas ações,
o conceito do que é certo e errado, a atualidade também é cheia de
comportamentos e mudanças, há, contudo, valores que são irrevogáveis, como a
vida, o respeito e a convivência saudável. Partindo de princípios imutáveis,
até a analise mais complexa do comportamento humano é possível construir uma
educação ética efetiva.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGIGNON, Nelso Antonio. O Desenvolvimento Moral de
Kholberg. 2011.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, disponível em
acesso em 21 de novembro de 2011 as 13:56.
PCN, Ética Ensino Fundamental 1º a 4º Séries
UCB, Ética; Brasília, 2011
VALLS, Álvaro L. M. Coleção Primeiros Passos nº177.
Editora Brasiliense. 1994.
VÁZQUEZ, Adolfo Sanches; Ética; tradução de João
Dell´Anna. 31ºEd. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário