terça-feira, 8 de maio de 2012

Artigo 1°Semestre de Pedagogia


O PROPÓSITO DE SER EDUCADOR
 

Daniela Miketen[1]
Daniela Barboza
Lediane Wandscheer
Natieli Santana
Raiane Placido
 Vanuza Vieira


RESUMO


Este artigo tem como proposta refletir sobre a importância do educador na sociedade e o ensino por ele aplicado. Enfatizamos que o educador precisa despertar-se e definir seu propósito profissional, pois sem um propósito o educador nem deveria exercer tal profissão. Também abordamos a necessidade de renovação e compromisso com os métodos de ensino utilizados em um contexto globalizado. Em nossas pesquisas percebemos que há um número elevado de profissionais na área de educação que não estão realizados com o que fazem e atribuímos esses resultados a falta de propósito e amor, que juntamente com fatores externos desenvolvem um ciclo de improdutividade. Como futuros educadores, entendemos que é necessário ter metas pessoais que dão razão para ensinar, e transmitir aos educandos uma segurança de serem participantes da construção social. Essa parceria entre educador e educando, se estabelece na relação diária e é necessário que seja sustentada pela vontade de ambas as partes, rumo a um objetivo comum, o de transformar, para melhor, a si mesmo e o meio em que vivem. Pensar em propósito, portanto, é ser realizado e livre para transformar.

Palavras-chave: Educador. Ensino. Propósito.



O PROPÓSITO DE SER EDUCADOR


INTRODUÇÃO

O educador é motivador de ideias adormecidas, orientador de novas descobertas e ajuda na construção do conhecimento. Com o avanço tecnológico e uma expansão de profissões no mercado de trabalho, houve também uma despreocupação de buscar no individuo um propósito que o impulsione à escolha profissional, e visualizamos com isso um mercado de trabalho repleto de profissionais egoístas, incapazes de pensar em métodos de transformação social. O educador muitas vezes é envolvido por essa realidade e ao sentir-se desmotivado torna-se também um desmotivador.
Poucos profissionais são de fato apaixonados pelo que fazem e encontram na profissão o sentido de ser e fazer. Esses são capazes de construir uma sociedade melhor, ao dar de seu conhecimento tanto quanto são capazes de dar de si mesmo.
O ensino não pode ser banal e desmoralizado, porque todo individuo tem a necessidade de conhecer a si e o mundo em que vive. Mais que isso, o ensino é instrumento orientador para a vida.
Nesse contexto pergunta-se: qual o propósito de ser educador?
Como objetivo geral pretende-se verificar qual o perfil do atual educador e como pode ser construído seu propósito profissional.
Se um educador não tem um propósito, não deveria nem ser educador.


REVISÃO DA LITERATURA

Educador

O educador é um ser humano desafiador, criativo e determinado a solucionar obstáculos do dia-a-dia por isso, deve ser suficientemente capacitado e habilitado para entender o educando. 
            Segundo Luckesi (1994) na pratica pedagógica o educador assume papel de mediador entre o educando e a sociedade. Para exercer esse papel ele precisa possuir conhecimentos e algumas qualidades como: compreender a realidade com a qual trabalha e ter competência no campo teórico em que atua para poder auxiliar o educando nesse processo de elevação cultural.
            É importante que o educador esteja atento às mudanças que acontecem no mundo para que a sua prática pedagógica seja diferenciada e possa integrar o educando no meio em que vive, procurando alcançar resultados que o beneficiem.
            Além da capacidade intelectual, Luckesi (1994, p. 117) comenta que
“[...] É preciso ter paixão pela atividade de ensinar [...]. É preciso estar em sintonia afetiva com aquilo que se faz. Um professor que faz de sua atividade apenas uma mercadoria dificilmente será um professor comprometido com a elevação cultural dos educandos. O salário não paga o trabalho que temos. Por isso, torna-se importante alem da competência teórica técnica e política, uma paixão pelo que se faz [...] Daí vem a arte de ensinar, que nada mais é que um desejo permanente de trabalhar, das mais variadas e adequadas formas para elevação cultural dos educandos. Para ser educador não basta ter contrato de trabalho numa escola particular o um emprego de funcionário publico. É preciso competência, habilidade e comprometimento. Ninguém se faz professor do dia para a noite sem aprendizagem e preparação satisfatórias.  

            O educador precisa ter conhecimentos necessários, que são adquiridos no seu processo de formação, para estar em sala de aula e, além disso, ter paixão e buscar sempre inovar seus conhecimentos para exercer um trabalho eficaz.

Ensino

Nos dias atuais o ensino está muito ligado a maneira como os professores têm de conduzir suas aulas. A cada ano, no Brasil, o ensino se desenvolve e melhora mais. Porém, para alcançarmos um ensino de primeiro mundo falta muito.
Para um ensinamento de qualidade, deve-se haver reflexão e diálogo, assim pode-se compreender melhor o outro, e, portanto, saber quais são as suas necessidades de aprender.
Ensinar envolve criatividade, pois com a globalização fica difícil ganhar a atenção dos alunos. O ser humano tem uma pré-disposição natural, uma necessidade de aprender. Cortella, (2009, p. 12) aponta que “[...] não nascemos prontos e acabados [...] é fundamental não nascermos sabendo e nem prontos [...] nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar.”
A aprendizagem é diária, constante e não acontece apenas no ambiente escolar, mas como explica Cortella (2009) ela acontece em pelo menos duas dimensões: sentido ocasional que está presente na vida, em todos os lugares e por todo o tempo. E o ensino no sentido intencional que é proposital e acontece na escola e outras instituições. 
Por isso, como educador, é importante relacionar o ensino ocasional, que o educando já traz consigo ao entrar em sala, com o intencional para não menosprezar o conhecimento que o educando já adquiriu, antes poder utilizar-se desse para uma melhor prática pedagógica.
Luckesi (1994, p. 105) afirma que “Há necessidade de estudar que procedimentos e que atividades possibilitarão, da melhor forma, que nossos alunos atinjam o objetivo de aprender o melhor possível daquilo que estamos pretendendo ensinar.”
É preciso desenvolver métodos eficazes de ensino para conseguir sustentar a atenção dos educandos no contexto globalizado em que as mudanças acontecem rapidamente. A educação também precisa se readaptar e inovar sempre para manter-se viva e apropriada em tal contexto.

Propósito

Hoje há uma diversidade de profissões e áreas de interesses, que são apresentadas como opções de escolha do educando. A grande diversidade não é o problema, mas a incerteza daquele que faz a escolha. Os principais critérios utilizados para a escolha profissional são a renda por ela proporcionada e o status. Isso significa que a maioria das pessoas nem sempre escolhe a profissão que gostaria, ou para a qual reúne as qualidades que possui, mas aquela que mais lhe garante mordomia financeira. Isso significa também que o risco de encontrarmos na sociedade profissionais infelizes com o que fazem e consequentemente infelizes nas demais influencias de sua convivência é muito maior do que seria se cada individuo buscasse de fato usar suas habilidades naquilo que é sua paixão.
Kivitz (2003) considera que pensar em propósito é compreender o significado da vida. É visualizar o conjunto de habilidades pessoais a serviço do outro, é envolver-se numa tarefa inacabada de compromisso consigo e com a sociedade, tarefa essa que faz o individuo sentir-se útil, e incansável. É ter razão para acordar todos os dias e não se arrastar pelo tempo. É uma causa pela qual é possível se entregar. Quem tem propósito nunca fica sem trabalho porque o que faz não é apenas uma profissão é seu estilo de vida.
Fazer uma escolha pensando no propósito a ser alcançado, é escolher conscientemente uma missão de vida. Pessoas que não encontram sentido em sua profissão agem de maneira desmotivada, já os que têm um propósito a alcançar visualizam-se como agentes de transformação na sociedade.
Freire (2005) argumenta que não é possível nem aceitável que quem estuda, seja o físico, o biólogo, sociólogo, matemático ou pensador da educação, faça isso de forma neutra, porque ninguém pode estar no mundo de forma neutra. Agir assim é acomodar-se, e a acomodar-se deve ser na verdade um motivo despertador para inserir decisão, escolha e intervenção na realidade.
O educador, assim como todo profissional, deveria evitar a neutralidade, pois essa é uma postura de quem já se acomodou e se acostumou com as circunstancias e, portanto, não procura fazer nada grande ou eficaz para mudar o que enxerga, antes, acaba se tornando igual ao meio.
Michalinszyn (2008) nota que quando uma sociedade se apresenta desumana e competitiva, agir com cooperação e fraternidade pode causar um grande impacto sobre as demais pessoas e até criar uma nova realidade, isso é, uma nova possibilidade em meio ao caos.
Ser um profissional de postura cooperativa no mundo é poder enxergar maneiras simples de transformar a realidade e desejar fazê-lo. Isso é envolver-se num propósito que vai além da satisfação própria, alcança o outro. O educador, pela influência que tem sobre a construção da história de uma nação, não pode deixar passar o tempo e com ele ser esquecido por não traçar novas metas, antes, deve se comprometer em revelar o potencial máximo e dignidade do educando e ser lembrado como aquele que sabe o que está fazendo e por que está fazendo, ou seja, como um educador que tem propósito.

METODOLOGIA

Neste artigo usou-se metodologia indutiva, em que, a fim de conhecer o perfil do educador e o propósito que o motiva a permanecer na profissão, realizamos entrevistas com vinte e cinco profissionais da área de educação. Seus nomes serão preservados e expostos apenas os resultados percentuais da pesquisa em cada categoria.

APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS

Categoria A) Analise do perfil do educador.

Com o intuito de analisar o perfil do educador questionou-se sobre por que escolheram essa profissão e percebemos que 50% dos entrevistados responderam que fizeram tal escolha por identificação, 30% escolheram a profissão a fim de alcançar outro objetivo e 20% escolheram ao acaso.
Questionou-se também sobre a motivação que faz com que permaneçam nessa profissão e notamos que 60% são motivados pela vontade de causar transformação da sociedade e 40% ao pensar no crescimento pessoal do aluno.
Ainda procurou-se analisar sobre os principais desafios de ser educador e verificamos que 50% dizem que os maiores desafios estão relacionados às dificuldades que os alunos têm em sala de aula, 30% dizem que os maiores desafios são os colegas de profissão e suas desmotivações e 20% dizem que os desafios maiores estão na própria sociedade.
Com isso pudemos perceber que é elevado o índice de profissionais que não escolheram tal profissão por reunir as características necessárias ou pela paixão, mas foram incluídos a esse contexto de maneira casual, alguns permanecem por descobrirem-se capazes de serem educadores ao longo do tempo, porem, outros ainda parecem estar perdidos com relação a esse contexto. Além disso, o educador tem um perfil de constantes lutas internas e externas porque precisa aplicar sua vontade de transformar a sociedade e ver o crescimento pessoal do educando, mas encontra nos próprios educandos e na sociedade suas maiores desmotivações, além de ter que suportar dos próprios colegas de profissão o desânimo que se instala após anos de luta e com isso pode muitas vezes sentir-se um solitário sonhador.

Categoria B) O propósito de ser educador

Com a finalidade de descobrir se os educadores tem um propósito que os motiva a prosseguir, perguntou-se se eles sentem-se realizados com sua escolha profissional. Analisamos que apenas 60% dos profissionais sentem-se plenamente realizados e os outros 40% não.
Concluímos com esse resultado que muitos fizeram essa escolha profissional sem pensar no propósito a ser alcançado, é uma realidade um tanto assustadora, pois a falta de realização profissional é decorrente de motivos diversos, dentre os quais podemos destacar a falta de paixão pelo que faz, que consequentemente produz uma atividade sem propósito. Como um educador que não se sente realizado poderá motivar o crescimento pessoal do educando e a transformação social?
Embora esses índices sejam tristes de analisar, devemos nos encorajar para promover mudanças significativas, buscando valorizar e restaurar as motivações que muitos profissionais perderam ao longo dessa caminhada, e ainda, definir o propósito que será como alicerce nessa construção para melhorias.        


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que o propósito de ser educador pode ser construído a partir da escolha pessoal e encontro de cada educando com sua consciência, pois a partir deste é que pode sondar suas reais intenções, e mudar o rumo de suas escolhas. Esse encontro é não somente necessário, mas essencial para que o educador, ainda que encontre tantas dificuldades e desafios no seu dia-a-dia, possa ver para a sociedade esperança de melhorias, e no ato de educar ver possibilidades. Para os que se encontram insatisfeitos, a oportunidade de reavaliar e também procurar se encontrar no que pode lhe trazer satisfação será importante para reposicionar-se como individuo, pois pessoas insatisfeitas produzem insatisfações.
O propósito é o que fortalece o educador em seus momentos de angustia, é o que lhe motiva a desenvolver planos inovadores de ensino e o faz sensível às necessidades dos educandos, é o que dá razão para levantar e prosseguir. Há uma cena em Alice no País das Maravilhas em que Alice, desorientada, vê o gato na árvore e pergunta: para onde vai essa estrada? O gato replica: Para onde você quer ir? Ela diz: Não sei, estou perdida. O gato retruca: Para quem não sabe onde vai, qualquer caminho serve.Saber o propósito é saber qual caminho seguir.
Portanto, ser educador é ser livre para transformar, acreditar que sua influencia na vida de um educando hoje pode ajudá-lo a realizar melhores escolhas no amanhã. É ser satisfeito com o que faz e não simplesmente conformado.


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS


CORTELLA, Mario Sergio. Não nascemos prontos! Provocações Filosóficas. Rio de Janeiro. 9° ed. Ed. Vozes, 2009.


FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro. Ed. Paz e Terra, 2005.


KIVITZ, Ed Rene, Vivendo com Propósito. São Paulo. Ed. Mundo Cristão. 2003.


LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. Ed. Cortez. 1994.


MISCHALISZYN, Mario Sergio. Educação e Diversidade. Curitiba: Ibepx, 2008.





[1] Acadêmicas do 1º Semestre do Curso Licenciatura em Pedagogia. Artigo entregue como requisito parcial para aprovação na disciplina Metodologia de Pesquisa sob a orientação da professora Me. Marisa Claudia Jacometo Durante.

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