O PROPÓSITO DE SER EDUCADOR
Daniela Miketen[1]
Daniela Barboza
Lediane Wandscheer
Natieli Santana
Raiane Placido
RESUMO
Este
artigo tem como proposta refletir sobre a importância do educador na sociedade
e o ensino por ele aplicado. Enfatizamos que o educador precisa despertar-se e
definir seu propósito profissional, pois sem um propósito o educador nem
deveria exercer tal profissão. Também abordamos a necessidade de renovação e
compromisso com os métodos de ensino utilizados em um contexto globalizado. Em
nossas pesquisas percebemos que há um número elevado de profissionais na área
de educação que não estão realizados com o que fazem e atribuímos esses
resultados a falta de propósito e amor, que juntamente com fatores externos
desenvolvem um ciclo de improdutividade. Como futuros educadores, entendemos
que é necessário ter metas pessoais que dão razão para ensinar, e transmitir
aos educandos uma segurança de serem participantes da construção social. Essa
parceria entre educador e educando, se estabelece na relação diária e é necessário
que seja sustentada pela vontade de ambas as partes, rumo a um objetivo comum,
o de transformar, para melhor, a si mesmo e o meio em que vivem. Pensar em
propósito, portanto, é ser realizado e livre para transformar.
Palavras-chave:
Educador. Ensino. Propósito.
O
PROPÓSITO DE SER EDUCADOR
INTRODUÇÃO
O educador é motivador de ideias adormecidas, orientador
de novas descobertas e ajuda na construção do conhecimento. Com o avanço
tecnológico e uma expansão de profissões no mercado de trabalho, houve também
uma despreocupação de buscar no individuo um propósito que o impulsione à
escolha profissional, e visualizamos com isso um mercado de trabalho repleto de
profissionais egoístas, incapazes de pensar em métodos de transformação social.
O educador muitas vezes é envolvido por essa realidade e ao sentir-se
desmotivado torna-se também um desmotivador.
Poucos profissionais são de fato apaixonados pelo que
fazem e encontram na profissão o sentido de ser e fazer. Esses são capazes de
construir uma sociedade melhor, ao dar de seu conhecimento tanto quanto são
capazes de dar de si mesmo.
O ensino não pode ser banal e desmoralizado, porque todo
individuo tem a necessidade de conhecer a si e o mundo em que vive. Mais que
isso, o ensino é instrumento orientador para a vida.
Nesse contexto pergunta-se: qual o propósito de ser
educador?
Como objetivo geral pretende-se verificar qual o perfil
do atual educador e como pode ser construído seu propósito profissional.
Se um educador não tem um propósito, não deveria nem ser
educador.
REVISÃO DA LITERATURA
Educador
O educador é um ser humano desafiador, criativo e
determinado a solucionar obstáculos do dia-a-dia por isso, deve ser
suficientemente capacitado e habilitado para entender o educando.
Segundo Luckesi (1994) na pratica pedagógica o educador
assume papel de mediador entre o educando e a sociedade. Para exercer esse
papel ele precisa possuir conhecimentos e algumas qualidades como: compreender
a realidade com a qual trabalha e ter competência no campo teórico em que atua
para poder auxiliar o educando nesse processo de elevação cultural.
É importante que o educador esteja
atento às mudanças que acontecem no mundo para que a sua prática pedagógica
seja diferenciada e possa integrar o educando no meio em que vive, procurando
alcançar resultados que o beneficiem.
Além da capacidade intelectual,
Luckesi (1994, p. 117) comenta que
“[...] É preciso ter paixão pela atividade de
ensinar [...]. É preciso estar em sintonia afetiva com aquilo que se faz. Um
professor que faz de sua atividade apenas uma mercadoria dificilmente será um
professor comprometido com a elevação cultural dos educandos. O salário não
paga o trabalho que temos. Por isso, torna-se importante alem da competência
teórica técnica e política, uma paixão pelo que se faz [...] Daí vem a arte de
ensinar, que nada mais é que um desejo permanente de trabalhar, das mais
variadas e adequadas formas para elevação cultural dos educandos. Para ser
educador não basta ter contrato de trabalho numa escola particular o um emprego
de funcionário publico. É preciso competência, habilidade e comprometimento.
Ninguém se faz professor do dia para a noite sem aprendizagem e preparação
satisfatórias.
O
educador precisa ter conhecimentos necessários, que são adquiridos no seu
processo de formação, para estar em sala de aula e, além disso, ter paixão e
buscar sempre inovar seus conhecimentos para exercer um trabalho eficaz.
Ensino
Nos dias atuais o ensino está muito ligado a maneira como
os professores têm de conduzir suas aulas. A cada ano, no Brasil, o ensino se
desenvolve e melhora mais. Porém, para alcançarmos um ensino de primeiro mundo
falta muito.
Para um ensinamento de qualidade, deve-se haver reflexão
e diálogo, assim pode-se compreender melhor o outro, e, portanto, saber quais
são as suas necessidades de aprender.
Ensinar envolve criatividade, pois com a globalização
fica difícil ganhar a atenção dos alunos. O ser humano tem uma pré-disposição
natural, uma necessidade de aprender. Cortella, (2009, p. 12) aponta que “[...]
não nascemos prontos e acabados [...] é fundamental não nascermos sabendo e nem
prontos [...] nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e,
nunca, a criar, inovar, refazer, modificar.”
A aprendizagem é diária, constante e não acontece apenas
no ambiente escolar, mas como explica Cortella (2009) ela acontece em pelo
menos duas dimensões: sentido ocasional que está presente na vida, em todos os
lugares e por todo o tempo. E o ensino no sentido intencional que é proposital e
acontece na escola e outras instituições.
Por isso, como educador, é importante relacionar o ensino
ocasional, que o educando já traz consigo ao entrar em sala, com o intencional
para não menosprezar o conhecimento que o educando já adquiriu, antes poder
utilizar-se desse para uma melhor prática pedagógica.
Luckesi (1994, p. 105) afirma que “Há necessidade de estudar
que procedimentos e que atividades possibilitarão, da melhor forma, que nossos
alunos atinjam o objetivo de aprender o melhor possível daquilo que estamos
pretendendo ensinar.”
É preciso desenvolver métodos eficazes de ensino para
conseguir sustentar a atenção dos educandos no contexto globalizado em que as
mudanças acontecem rapidamente. A educação também precisa se readaptar e inovar
sempre para manter-se viva e apropriada em tal contexto.
Propósito
Hoje há uma diversidade de profissões e áreas de
interesses, que são apresentadas como opções de escolha do educando. A grande
diversidade não é o problema, mas a incerteza daquele que faz a escolha. Os
principais critérios utilizados para a escolha profissional são a renda por ela
proporcionada e o status. Isso significa que a maioria das pessoas nem sempre
escolhe a profissão que gostaria, ou para a qual reúne as qualidades que
possui, mas aquela que mais lhe garante mordomia financeira. Isso significa também
que o risco de encontrarmos na sociedade profissionais infelizes com o que
fazem e consequentemente infelizes nas demais influencias de sua convivência é
muito maior do que seria se cada individuo buscasse de fato usar suas
habilidades naquilo que é sua paixão.
Kivitz (2003) considera que pensar em propósito é compreender
o significado da vida. É visualizar o conjunto de habilidades pessoais a
serviço do outro, é envolver-se numa tarefa inacabada de compromisso consigo e
com a sociedade, tarefa essa que faz o individuo sentir-se útil, e incansável.
É ter razão para acordar todos os dias e não se arrastar pelo tempo. É uma
causa pela qual é possível se entregar. Quem tem propósito nunca fica sem
trabalho porque o que faz não é apenas uma profissão é seu estilo de vida.
Fazer uma escolha pensando no propósito a ser alcançado, é
escolher conscientemente uma missão de vida. Pessoas que não encontram sentido
em sua profissão agem de maneira desmotivada, já os que têm um propósito a
alcançar visualizam-se como agentes de transformação na sociedade.
Freire (2005) argumenta que não é possível nem aceitável
que quem estuda, seja o físico, o biólogo, sociólogo, matemático ou pensador da
educação, faça isso de forma neutra, porque ninguém pode estar no mundo de
forma neutra. Agir assim é acomodar-se, e a acomodar-se deve ser na verdade um motivo
despertador para inserir decisão, escolha e intervenção na realidade.
O educador, assim como todo profissional, deveria evitar
a neutralidade, pois essa é uma postura de quem já se acomodou e se acostumou
com as circunstancias e, portanto, não procura fazer nada grande ou eficaz para
mudar o que enxerga, antes, acaba se tornando igual ao meio.
Michalinszyn (2008) nota que quando uma sociedade se
apresenta desumana e competitiva, agir com cooperação e fraternidade pode
causar um grande impacto sobre as demais pessoas e até criar uma nova
realidade, isso é, uma nova possibilidade em meio ao caos.
Ser um profissional de postura cooperativa no mundo é
poder enxergar maneiras simples de transformar a realidade e desejar fazê-lo.
Isso é envolver-se num propósito que vai além da satisfação própria, alcança o
outro. O educador, pela influência que tem sobre a construção da história de
uma nação, não pode deixar passar o tempo e com ele ser esquecido por não
traçar novas metas, antes, deve se comprometer em revelar o potencial máximo e
dignidade do educando e ser lembrado como aquele que sabe o que está fazendo e por
que está fazendo, ou seja, como um educador que tem propósito.
METODOLOGIA
Neste artigo usou-se metodologia indutiva, em que, a fim
de conhecer o perfil do educador e o propósito que o motiva a permanecer na
profissão, realizamos entrevistas com vinte e cinco profissionais da área de
educação. Seus nomes serão preservados e expostos apenas os resultados
percentuais da pesquisa em cada categoria.
APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS
Categoria A) Analise do perfil do
educador.
Com o intuito de analisar o perfil do educador questionou-se
sobre por que escolheram essa profissão e percebemos que 50% dos entrevistados
responderam que fizeram tal escolha por identificação, 30% escolheram a
profissão a fim de alcançar outro objetivo e 20% escolheram ao acaso.
Questionou-se também sobre a motivação que faz com que
permaneçam nessa profissão e notamos que 60% são motivados pela vontade de
causar transformação da sociedade e 40% ao pensar no crescimento pessoal do
aluno.
Ainda procurou-se analisar sobre os principais desafios
de ser educador e verificamos que 50% dizem que os maiores desafios estão relacionados
às dificuldades que os alunos têm em sala de aula, 30% dizem que os maiores
desafios são os colegas de profissão e suas desmotivações e 20% dizem que os
desafios maiores estão na própria sociedade.
Com isso pudemos perceber que é elevado o índice de
profissionais que não escolheram tal profissão por reunir as características
necessárias ou pela paixão, mas foram incluídos a esse contexto de maneira
casual, alguns permanecem por descobrirem-se capazes de serem educadores ao
longo do tempo, porem, outros ainda parecem estar perdidos com relação a esse
contexto. Além disso, o educador tem um perfil de constantes lutas internas e
externas porque precisa aplicar sua vontade de transformar a sociedade e ver o
crescimento pessoal do educando, mas encontra nos próprios educandos e na
sociedade suas maiores desmotivações, além de ter que suportar dos próprios
colegas de profissão o desânimo que se instala após anos de luta e com isso
pode muitas vezes sentir-se um solitário sonhador.
Categoria B) O propósito de ser educador
Com a finalidade de descobrir se os educadores tem um
propósito que os motiva a prosseguir, perguntou-se se eles sentem-se realizados
com sua escolha profissional. Analisamos que apenas 60% dos profissionais sentem-se
plenamente realizados e os outros 40% não.
Concluímos com esse resultado que muitos fizeram essa
escolha profissional sem pensar no propósito a ser alcançado, é uma realidade
um tanto assustadora, pois a falta de realização profissional é decorrente de
motivos diversos, dentre os quais podemos destacar a falta de paixão pelo que
faz, que consequentemente produz uma atividade sem propósito. Como um educador
que não se sente realizado poderá motivar o crescimento pessoal do educando e a
transformação social?
Embora esses índices sejam tristes de analisar, devemos
nos encorajar para promover mudanças significativas, buscando valorizar e
restaurar as motivações que muitos profissionais perderam ao longo dessa
caminhada, e ainda, definir o propósito que será como alicerce nessa construção
para melhorias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que o propósito de ser educador pode ser
construído a partir da escolha pessoal e encontro de cada educando com sua
consciência, pois a partir deste é que pode sondar suas reais intenções, e
mudar o rumo de suas escolhas. Esse encontro é não somente necessário, mas
essencial para que o educador, ainda que encontre tantas dificuldades e
desafios no seu dia-a-dia, possa ver para a sociedade esperança de melhorias, e
no ato de educar ver possibilidades. Para os que se encontram insatisfeitos, a
oportunidade de reavaliar e também procurar se encontrar no que pode lhe trazer
satisfação será importante para reposicionar-se como individuo, pois pessoas
insatisfeitas produzem insatisfações.
O propósito é o que fortalece o educador em seus momentos
de angustia, é o que lhe motiva a desenvolver planos inovadores de ensino e o
faz sensível às necessidades dos educandos, é o que dá razão para levantar e
prosseguir. Há uma cena em Alice no País
das Maravilhas em que Alice, desorientada, vê o gato na árvore e pergunta:
para onde vai essa estrada? O gato replica: Para onde você quer ir? Ela diz:
Não sei, estou perdida. O gato retruca: Para quem não sabe onde vai, qualquer
caminho serve.Saber o propósito é saber qual caminho seguir.
Portanto, ser educador é ser livre para transformar,
acreditar que sua influencia na vida de um educando hoje pode ajudá-lo a
realizar melhores escolhas no amanhã. É ser satisfeito com o que faz e não
simplesmente conformado.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
CORTELLA, Mario Sergio.
Não nascemos prontos! Provocações
Filosóficas. Rio de Janeiro. 9° ed. Ed. Vozes, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro.
Ed. Paz e Terra, 2005.
KIVITZ,
Ed Rene, Vivendo com Propósito. São
Paulo. Ed. Mundo Cristão. 2003.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. Ed. Cortez. 1994.
MISCHALISZYN,
Mario Sergio. Educação e Diversidade. Curitiba:
Ibepx, 2008.
[1]
Acadêmicas do 1º Semestre do
Curso Licenciatura em Pedagogia. Artigo
entregue como requisito parcial para aprovação na disciplina Metodologia de
Pesquisa sob a orientação da professora Me. Marisa Claudia Jacometo Durante.
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