COMO A GLOBALIZAÇÃO AFETA A RELIGIÃO
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A
tendência do momento é o fácil acesso a qualquer tipo de informação, verdadeira
ou não, facilidades da comercialização incluindo exportações, redes de
relacionamentos virtuais e um avançado sistema tecnológico que permite ao homem
“estar” em qualquer lugar do mundo com apenas um clique. O homem pode criar seu
próprio mundo sem sair de casa, pode trocar as relações reais por virtuais e
poupar-se de um serie de desconfortos relacionados a convivência, do mesmo modo
pode escolher sua própria profissão de fé, quando insatisfeito com algum
conjunto de regras religioso, pode criar seu próprio modo de ver a religião e
abrir portas para os que concordam com sua forma de pensar.
Há
alguns anos, não muito distantes, a informação era controlada, e acesso
limitado, as distancias eram maiores, e as relações interpessoais mais reais, a
maioria da população brasileira era agrária. Hoje em dia, o homem acorda
apressado e não tem tempo para mais nada além de trabalhar e conquistar o que
julga ser necessário para uma boa qualidade de vida, que acaba sendo um ciclo
de competitividade e superação. No mercado profissional são cada vez maiores as
exigências para ocupar um espaço que traga estabilidade financeira, e quando
conquistado é necessário ainda maior esforço para mantê-lo. A população agrária
agora superlota metrópoles porque segundo dizem, é lá que estão as
oportunidades para mudar de vida. Hoje as pessoas se movem pelo poder, são
motivadas por ele, a ele querem de qualquer maneira. Elas matam por poder,
mentem para conquistá-lo, se desumanizam para possuí-lo e nunca estão
satisfeitas.
Mario
Sergio Cortella, filósofo e dr. em Educação, escrevem seu livro Não nascemos
Prontos, que estamos num tempo de exuberância em relação as tecnologias. Nos
últimos 50 anos tivemos mais desenvolvimentos inventidos do que em toda a
historia anterior da humanidade. A cada dia nos deparamos com novas invenções,
novos modos de fazer e interpretar, e precisamos nos acostumar com as
novidades, aprender a lidar com elas, e acabamos nos submetendo ao ritmo que
elas impõem. Essa grande dose de novidades, nos induz a certa insensibilização
dos sentidos e sentimentos. Perde-se a capacidade de ficar espantado, e ter de
tudo não é suficiente, sempre há a necessidade de ter mais, gerando assim uma
superioridade daquele que possui o que o sistema dita ser necessário diante
daqueles que não podem possuir.
Juntamente
com as inovações, há um descontrole ambiental que está roubando das futuras
gerações não muito distantes, a possibilidade de viver bem.
A
globalização vem acontecendo há muitos anos. Quando a produção começou a ser
desenvolvida em série, inicia-se o sistema que é base de toda globalização, o
capitalismo. A partir desse processo, o mercado passou a ficar saturado e as
pessoas tiveram a necessidade de procurar outros consumidores para seus
produtos.
Houve
a quebra das fronteiras, afinal, qualquer produto produzido em determinado
país, não é mais posse desse país unicamente, mas é expandido como oferta a
outras nações, e assim, a própria nação instala sua marca em outras, do mesmo
modo que outras nações instalam suas marcas em nossa. Significa que tudo é de
todos.
Essa
quebra de fronteiras gerou também uma desvalorização das hierarquias, e fez de
cada ser dono de sua própria verdade. Isso afeta diretamente a religião.
Na
idade Média, era a religião quem definia as regras éticas. Hoje ela está
praticamente sem voz, pois o grande ditador de regras é o próprio mercado. As
igrejas tentam ainda dizer como comportar-se, contudo, na balança com a mídia
influenciadora, perde sua força. A globalização desbancou da igreja o direito
de dizer o que fazer, pois hoje em dia, há muitas pessoas dizendo como
comportar-se, há muitos pontos de vistas, e a verdade cristã, tem sido
relativada de acordo com cada maneira de ver.
Além
disso, com a relativação da verdade, a expansão de idéias, surgem hoje inúmeras
igrejas, fundamentadas em valores individuais resultantes de discórdias entre
seus membros. Ou seja, quando um individuo não concorda com um ponto de vista
de um líder religioso, ele pode simplesmente abrir sua própria igreja com
idéias que julga ser a forma correta de agir.
A
religião tem sido envolvida pela globalização e muitas vezes se transformado em
mercado, procurando de todas as formas conquistar “consumidores” e portanto,
abrindo mão de muitos valores históricos para atrair o maior numero possível de
fiéis,
Hoje
em dia, ela não está para ditar as regras morais, apesar de muitas tentarem
preservar essa voz, mas a maioria está para agradar pessoas em seus anseios.
Ela
está voltada muito mais para o interior do individuo, apelando para o
emocional. Aquelas que tentam preservar hierarquias, e manter vivos valores
morais que podem ser passados as próximas gerações, são como objetos na mira da
esmagadora realidade.
Contudo,
é preciso ter essa força. Há ainda a necessidade de preservar hierarquias, do
mesmo modo que há ainda a necessidade de ter uma voz que possa orientar pessoas
a uma vida de integridade moral. Essa voz, deveria ser a voz da religião e ela
deveria ser uma, mas infelizmente muitas tem se vendido para viver uma
comercialização de fé. Sendo assim, a globalização tem aos poucos avançado para
todos os campos da vida do homem, e esse adentramento traz vantagens e também
muitas desvantagens, a principal delas, é que ensina o homem a ser menos
humano, menos atencioso as necessidades dos outros, menos cuidadoso com a
família e menos integro em suas atitudes.
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