terça-feira, 8 de maio de 2012

Antropologia da Religião


COMO A GLOBALIZAÇÃO AFETA A RELIGIÃO

Daniela Miketen[1]
danimiketen@gmail.com

A tendência do momento é o fácil acesso a qualquer tipo de informação, verdadeira ou não, facilidades da comercialização incluindo exportações, redes de relacionamentos virtuais e um avançado sistema tecnológico que permite ao homem “estar” em qualquer lugar do mundo com apenas um clique. O homem pode criar seu próprio mundo sem sair de casa, pode trocar as relações reais por virtuais e poupar-se de um serie de desconfortos relacionados a convivência, do mesmo modo pode escolher sua própria profissão de fé, quando insatisfeito com algum conjunto de regras religioso, pode criar seu próprio modo de ver a religião e abrir portas para os que concordam com sua forma de pensar.
Há alguns anos, não muito distantes, a informação era controlada, e acesso limitado, as distancias eram maiores, e as relações interpessoais mais reais, a maioria da população brasileira era agrária. Hoje em dia, o homem acorda apressado e não tem tempo para mais nada além de trabalhar e conquistar o que julga ser necessário para uma boa qualidade de vida, que acaba sendo um ciclo de competitividade e superação. No mercado profissional são cada vez maiores as exigências para ocupar um espaço que traga estabilidade financeira, e quando conquistado é necessário ainda maior esforço para mantê-lo. A população agrária agora superlota metrópoles porque segundo dizem, é lá que estão as oportunidades para mudar de vida. Hoje as pessoas se movem pelo poder, são motivadas por ele, a ele querem de qualquer maneira. Elas matam por poder, mentem para conquistá-lo, se desumanizam para possuí-lo e nunca estão satisfeitas.
Mario Sergio Cortella, filósofo e dr. em Educação, escrevem seu livro Não nascemos Prontos, que estamos num tempo de exuberância em relação as tecnologias. Nos últimos 50 anos tivemos mais desenvolvimentos inventidos do que em toda a historia anterior da humanidade. A cada dia nos deparamos com novas invenções, novos modos de fazer e interpretar, e precisamos nos acostumar com as novidades, aprender a lidar com elas, e acabamos nos submetendo ao ritmo que elas impõem. Essa grande dose de novidades, nos induz a certa insensibilização dos sentidos e sentimentos. Perde-se a capacidade de ficar espantado, e ter de tudo não é suficiente, sempre há a necessidade de ter mais, gerando assim uma superioridade daquele que possui o que o sistema dita ser necessário diante daqueles que não podem possuir.
Juntamente com as inovações, há um descontrole ambiental que está roubando das futuras gerações não muito distantes, a possibilidade de viver bem.
A globalização vem acontecendo há muitos anos. Quando a produção começou a ser desenvolvida em série, inicia-se o sistema que é base de toda globalização, o capitalismo. A partir desse processo, o mercado passou a ficar saturado e as pessoas tiveram a necessidade de procurar outros consumidores para seus produtos.
Houve a quebra das fronteiras, afinal, qualquer produto produzido em determinado país, não é mais posse desse país unicamente, mas é expandido como oferta a outras nações, e assim, a própria nação instala sua marca em outras, do mesmo modo que outras nações instalam suas marcas em nossa. Significa que tudo é de todos.
Essa quebra de fronteiras gerou também uma desvalorização das hierarquias, e fez de cada ser dono de sua própria verdade. Isso afeta diretamente a religião.
Na idade Média, era a religião quem definia as regras éticas. Hoje ela está praticamente sem voz, pois o grande ditador de regras é o próprio mercado. As igrejas tentam ainda dizer como comportar-se, contudo, na balança com a mídia influenciadora, perde sua força. A globalização desbancou da igreja o direito de dizer o que fazer, pois hoje em dia, há muitas pessoas dizendo como comportar-se, há muitos pontos de vistas, e a verdade cristã, tem sido relativada de acordo com cada maneira de ver.
Além disso, com a relativação da verdade, a expansão de idéias, surgem hoje inúmeras igrejas, fundamentadas em valores individuais resultantes de discórdias entre seus membros. Ou seja, quando um individuo não concorda com um ponto de vista de um líder religioso, ele pode simplesmente abrir sua própria igreja com idéias que julga ser a forma correta de agir.
A religião tem sido envolvida pela globalização e muitas vezes se transformado em mercado, procurando de todas as formas conquistar “consumidores” e portanto, abrindo mão de muitos valores históricos para atrair o maior numero possível de fiéis,
Hoje em dia, ela não está para ditar as regras morais, apesar de muitas tentarem preservar essa voz, mas a maioria está para agradar pessoas em  seus anseios.
Ela está voltada muito mais para o interior do individuo, apelando para o emocional. Aquelas que tentam preservar hierarquias, e manter vivos valores morais que podem ser passados as próximas gerações, são como objetos na mira da esmagadora realidade.
Contudo, é preciso ter essa força. Há ainda a necessidade de preservar hierarquias, do mesmo modo que há ainda a necessidade de ter uma voz que possa orientar pessoas a uma vida de integridade moral. Essa voz, deveria ser a voz da religião e ela deveria ser uma, mas infelizmente muitas tem se vendido para viver uma comercialização de fé. Sendo assim, a globalização tem aos poucos avançado para todos os campos da vida do homem, e esse adentramento traz vantagens e também muitas desvantagens, a principal delas, é que ensina o homem a ser menos humano, menos atencioso as necessidades dos outros, menos cuidadoso com a família e menos integro em suas atitudes.   



[1] Acadêmica do 3º Semestre do Curso de Pedagogia. 

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